Governo do Distrito Federal
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28/06/23 às 14h56 - Atualizado em 28/06/23 às 15h41

Professor do DF lança a obra Letramento Literário e Diversidade

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Reportagem: Jacqueline Pontevedra

Revisão de texto: Alzira Neves

 

 

O dia 28 de junho, no Brasil e no mundo, comemora-se o dia do orgulho e a cultura LGBTQIA+, movimento social de luta e defesa da inclusão de pessoas com diversas orientações sexuais e identidades de gênero. Para celebrar essa data, a Diretoria de Organização do Trabalho Pedagógico e Pesquisa, por meio da Gerência de Pesquisa, Avaliação e Formação Continuada dos Cursos de Gestão Escolar, Carreira Assistência, Orientação Educacional e Eixos Transversais – GOET, organizou o lançamento da obra Letramento Literário e Diversidade: Por que um Letramento Literário Queer?, escrito pelo professor e coordenador pedagógico do Centro Interescolar de Línguas do Riacho Fundo I, Roberto Muniz Dias. O evento ocorreu às 10h, no Pátio B, na sede da EAPE, que fica na 907 Sul. 

 

Com 203 páginas, o livro foi publicado pela Editora Devires e o texto é resultado do doutorado, realizado pelo autor, no Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal do Piauí. De acordo com material de divulgação, a obra surgiu como uma resposta às dificuldades enfrentadas pelos professores ao introduzir questões de gênero, sexualidade e identidade na sala de aula. O autor propõe uma intervenção de letramento literário queer para fortalecer a base teórico-argumentativa para a produção de textos pelos alunos. Para realizar os estudos, Roberto utilizou as obras Em nome do desejo e A idade de ouro do Brasil, ambas do escritor João Silvério Trevisan. 

 

A partir desse contexto, o autor apresenta como a inclusão de textos literários queer, nas práticas pedagógicas, podem proporcionar aos estudantes uma compreensão da sociedade contemporânea e promover a empatia, o respeito e a valorização da diversidade. Além disso, o livro pode auxiliar professores e gestores a promover um ambiente escolar mais inclusivo.

 

“O título Letramento Literário e Diversidade evoca momentos importantes na etapa educativa dos alunos que estão no final do ensino médio que são: o letramento (todo um conjunto de situações em que o aluno tem contato com a o aprendizado da leitura e da escrita); a literatura (porque vamos utilizar textos literários e que possam trazer uma diversidade de histórias, de situações espaço-temporais e, especialmente, de protagonismo de pessoas LGBTQIA+; e a diversidade, pois apresento as questões de diversidade de gênero e sexual. O livro também faz um registro dessas situações em que há outros atravessamentos como classe, raça, entre outros. E o leitor, ao se deparar com esse título, vai entender que existem algumas situações que a gente precisa compreender dentro da escola, pois a sala de aula está mais diversa e cheia de pluralidades. A gente precisa dar voz, espaço, vez e corpo para as subjetividades que são mais visíveis hoje em dia”, explicou Roberto. 

 

Ainda de acordo com Roberto, escolher o dia 28 de junho para lançar o livro na Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação (EAPE) é algo simbólico e relevante, pois a obra foi pensada para professores e estudantes LGBTQIA+, para outros profissionais da educação, para pesquisadores, para o chão da escola e outros espaços de formação.  

 

Sinto-me honrada e orgulhosa de receber na EAPE o lançamento de uma obra que apresenta uma temática tão importante e que precisa ser discutida nas escolas e neste espaço de formação. Precisamos dar visibilidade, compreender as histórias e lutar por políticas públicas que reforcem a diversidade, uma vez que o Brasil é o país que mais mata pessoas LGBTQIA+”, enfatizou a Subsecretária de Formação Continuada dos Profissionais da Educação, Maria das Graças de Paula Machado. 

 

Além do escritor, da subsecretária, de formadores e de outros convidados para o lançamento do livro, também estiveram presentes no evento, a responsável pela Diretoria de Organização do Trabalho Pedagógico e Pesquisa, Luciana Ribeiro; o responsável pela Gerência de Pesquisa, Avaliação e Formação Continuada dos Cursos de Gestão Escolar, Carreira Assistência, Orientação Educacional e Eixos Transversais – GOET, Wagner Lemos e a formadora da área de Diversidade Sexual, Ana Artoni. 

 

Importância da obra para a educação

 

Há 26 anos, o professor Leonardo Café trabalha na Secretaria de Educação do Distrito Federal. Ele já trabalhou como formador na EAPE e, atualmente, cursa o Doutorado em Linguística na Universidade de Brasília. O educador considera a obra Letramento Literário e Diversidade importante ferramenta pedagógica que apresenta também uma disposição didática interessante.

 

“Pensar no livro do Roberto é pensar na possibilidade de um letramento diferente, o letramento queer. Pensar em letramento queer é pensar em outras possibilidades para além do binarismo, para além de um pacto da cisgeneridade, é pensar que outras existências também são possíveis na escola – e isso dialoga muito com os documentos da Secretaria de Educação do Distrito Federal, principalmente, com o Currículo em Movimento, pois esse documento aponta, quando fala do conceito de diversidade, para corpos diferentes, para as diferenças de gênero, de raça, de etnia, de orientação sexual. […] Se não pensarmos em corpos diversos, a gente vai continuar mantendo uma visão universalizante, hegemônica e biologizante dos corpos”, enfatizou Café.

 

O livro Letramento Literário e Diversidade: Por que um Letramento Literário Queer?, escrito pelo professor doutor Roberto Muniz Dias, já está disponível para venda no site www.queerlivros.com.br.      

 

Diversidade é celebrada em junho

 

Junho, mês do Orgulho LGBTQIA+, é momento de celebrar no mundo todo a diversidade e a luta contra a homofobia. A escolha da data – 28 de junho – faz referência ao conflito no bar Stonewall, em Nova York, em junho de 1969, quando um grupo, liderado por mulheres travestis, latinas e negras, resolveu enfrentar a constante violência policial sofrida pelos homossexuais. 

 

LGBTQIA+ é um movimento político e social que defende a diversidade e busca mais representatividade e direitos para essa população. O nome demonstra a luta por mais igualdade e respeito à diversidade. Cada letra representa um grupo de pessoas: lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, queer, intersexuais, assexuais e o sinal + simboliza o reconhecimento de outras possibilidades de orientações sexuais.

 

Dados no Brasil

 

De acordo com o relatório produzido pelo Observatório de Mortes e Violências contra LGBTIQIA+ no Brasil, lançado no dia 16 de junho de 2023, o Brasil mata um LGBTQIA+ a cada 32 horas. Com essa média, o país é responsável pelo maior número de mortes do grupo minoritário em todo o mundo. 

 

Durante a apresentação do documento, feito por representantes do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, as organizações civis adiantaram as informações sobre 2023. Até o mês de abril, 80 mortes de pessoas LGBTIQIA+ já aconteceram no Brasil. Mais uma vez, a população de travestis e mulheres trans lideram os dados, com 62,50% dos casos.

 

Serviço

 

Se você foi vítima ou tomou conhecimento de um crime de LGBTfobia, o primeiro passo é procurar as autoridades responsáveis para registrar o caso. Se a denúncia não for formalizada, ela nunca será reconhecida nem entrará para as estatísticas oficiais. O mais conhecido é o Disque 100, também chamado Disque Direitos Humanos.

 

Alguns estados possuem delegacias especializadas de combate à discriminação e grupos de promotores dedicados exclusivamente ao tema. Aqui no Distrito Federal, há a Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência – DECRIN. Informações: https://www.pcdf.df.gov.br/noticias/tag/DECRI Telefone: (61) 3207-4242.

 

Podcast Informativo EAPE

 

O lançamento do livro Letramento Literário e Diversidade, do professor Roberto Muniz Dias, ocorreu no dia 28 de junho – data do Orgulho LGBTQIA+, na Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação. Esse foi o tema da 21ª edição do podcast Informativo EAPE (trabalho que apresenta reportagens de até cinco minutos que são compartilhadas nas principais plataformas de streaming, pelo Whatsapp e ficam disponíveis aqui também).

 

Para ouvir o áudio, é só dar o play no link abaixo:

 

Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação - Governo do Distrito Federal

EAPE

SGAS 907, Conjunto A - CEP: 70.390-070
(61) 3901-4942
e-mail: eape@se.df.gov.br